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sábado, 10 de abril de 2010

* O SENDEIRO: MERCADO PÚBLICO, MOEDA DE TROCA.

São quatro portões altos e largos, por eles transpassaram personagens e fatos que compunham a nossa história. Cada um mirando os quatro pontos: Norte, sul, leste e oeste como se fossem os portais de uma cidadela da idade média. Para nós ipuenses é um patrimônio público inalienável como a bica. Sua estrutura física foram e ainda são pontos de referência cronológica de costumes, crenças e hábitos, um bem portanto imaterial e que logo mais deixará de ser nosso. O espaço mais democrático e com cheiro de povo pertencerá à rede privada, sai de cena o labirinto das bancas na desordem organizada de seus retângulos, com o fluxo do desfile matinal de bolsas, sacos e sacolas envoltas no cheiro de peixe que nos passa a sensação de estarmos na beira de um imenso açude de águas humanas. O preço alto dos alugueis emudeceram o sorriso fácil das cafezeiras na confabulante tagarelice diária na reconfortante intimidade solidária das comadres no desabafo dos infortúnios da vida como a traquinagem dos filhos, a raiva ruidosa e sentida pela nova infidelidade do marido, no agradecimento sincero pelos pés de “comigo ninguém pode” plantados providencialmente no terreiro em frente à casa, pelos bolgaris já floridos fincados embaixo da janela da cozinha e o lastimável preço do café que não para de subir. Os novos proprietários criarão taxas para tudo com a privatização, enganarão mais que as mãos ágeis e matreiras no engodo festivo pelos balcões no duelo da disputa para livrar-se das despesas no jogo de “porrinha”. __ Quero três!
__ Peço um!
__ Égua, deu lona!
E uma romaria de chapéus flutuam pelos corredores laterais e que o vento sacana vez e outra leva um pelos ares e um gaiato aproveita e chuta-o para mais longe rindo da cara do dono desatento, que corre apresado para alcançá-lo. E em um dos portões um caboclo alisa o bigode, tira um pente para pentear os cabelos pixaim mira-se num pequeno espelho redondo e solta o xaveco grosseiro e descabido para a morena que passa e recebe um ...
__Ô bicho enxerido é homem casado, vixe Maria, credo em cruz!
O cheiro de pirão escaldado recende por todo o Mercado, facas e garfos cortam, rasgam movimentam-se compulsivamente sobre pratos como se houvessem naquele instante diversas cirurgias coletivas num imenso hospital aberto.
__ Are égua, este carneiro ta com gosto é de bode!
Andando com um tabuleiro multicolorido pelas miçangas, anéis, brincos barangandans e perfumes falsificados ecoa por entre a multidão a voz nasalada e irritante do vendedor:
__Olha a legitima colônia “toque de amor”, pode cheirar freguesa, mulher bonita não paga, mas também não leva!
Entre um trago e um copo de cerveja, juras e olhares são trocados pelos amores encomendados em troca de uma vida sustentada por uma aposentadoria de um senil solitário e a recém pretendida e prometida desabafa para a vendedora de ervas que intermediou e alcovitou o entrelaçamento.
__Mas muié, tu não vai acreditar! Pois o diabo daquele véi que tu me arrumou num sai de cima de mim.
E a feira centenária seque com sua rotina dantes feliz com seu alarido uníssono e original, percebe-se o descontentamento e a preocupação do povo com a atual administração e tudo para saldar o financiamento de uma campanha política imoral e questionada. Esquecidas ficaram as marcas e reminiscências dos pioneiros, sepultaram a originalidade de todos estes tipos populares que citei aqui. “Um povo sem memória é um povo sem história” assim afirmam os historiadores. Com certeza o acesso irrestrito e fácil do povo será ceifado, um mercado público sem a expressividade sincera franca e espontânea da casta mais simples da sociedade não tem alma:
__ Seu Manoel de Freitas tem fumo de rolo? Me dê um do bom, pois aquele da semana passada tava com cheiro de c... !
__ Olhe seu Zé, o fumo de eu tinha aqui, o Sávio Pontes e o Manoel Palácio já meteram no POVO INTEIRO DO IPU.

7 comentários:

Anônimo disse...

QUEM AUTORIZOU O VAIADO PONTES ACABAR COM O PATRIMÔNIO IPUENSE?

Anônimo disse...

O que o prefeito Sávio Pontes quer é aniquilar com o Ipu. Memoria, pra que ? a Escola Mons. Gonçalo vai chamar-se - Deputado Ciro Gomes; a Escola Jõsé Lorenço - Gov. Cid Gomes;o Mercado Público - Centro Comercial José Euclides Ferreira Gomes; a Estação Ferroviária - Centro Cultural Deputado Estadual João Frederico Ferreira Gomes e vai por ai. Nome de ipuense no seu patyrimônio cultura, necas de pitiritiba. Aguenta ipuense abestado. Pra ti, só mesmo ARAPIRACA verdadeiro.

Anônimo disse...

JÁ ERAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!!!!!!!

Anônimo disse...

tive a sensação de estar dentro do mercado sendeiro. Otimo texto !!!

Anônimo disse...

SENDEIRO,ao ler esta pagina veio-me um nó na garganta por haver testemunhado um desses relatos citados em q o meu avô todas as manhas ia ao mercado tomar umas doses de quinado onde descolou uma rapariga. Junto a bodega do seu Gerardo Joca foi grande a confusão e todos os proprietarios de box negaram a façanha a fim de garantir a grata presença daquele velho hilário em seu meio. Acho que seu texto deveria ser escrito em um tabloide de madeira e afixado no "novo mercado" para q o povo possa identificar-se com suas historias ali passadas, já que rever o local será impossível...no mais é rezar para q Nossa Senhora do Desterro, desterre estes desalmados deste lugar...com a ajuda do TCM e MINISTÉRIO PÚBLICO.Lindo. Fez-me lágrimas...

Anônimo disse...

Solidarizo-me com sua dor amiga(o), e obrigado pelos elogios. Não sei se voltarei a pisar naquele pedaço de chão da minha terra depois da privatização. Meu avô voluntariamente concedeu ao municipio materiais para sua construção . Um forte abraço do amigo SENDEIRO .

Anônimo disse...

Que desgraça está acontecendo conosco. O louco tá mudando os nomes das escolas, vendendo tudo, humilhando nossa cidade e nossa gente. O que fazer? Esperar o que? Meu DEUS ele vai acabar com tudo!
Vou fazer como disse meu amigo Sendeiro: "não sei se voltarei a pisar naquele pedaço de chão". Também tenho minhas razões e lembranças da infância. Meus familiares trabalharam muito tempo no Mercado.

 

A transparência

"O dinheiro dos impostos, está indo literalmente pelo ralo, em nossa cidade, o laudo do TCM de engenharia, está pronto e acessivel á todos, é uma "pouca vergonha", as vistorias constataram inúmeras irregularidades, de todos os graus, um verdadeiro desrespeito com os cidadãos. Quem verificar o laudo perseberá claramente os ralos por onde escorrem vultosas quantias, que certamente fazem muita falta as pessoas que necessitam dos serviços públicos. Que mais e mais ipuenses tomem conhecimento, é só acessar o site do TCM e verificar em desmonte- relatório e laudo de engenharia. Boa leitura, e tirem suas próprias conclusões!"
(Samuel baker mororo Aragão - AFAI)



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A CULTURA POLÍTICA - O BODE