* O SENDEIRO – O SONHO AMERICANO.

A Limousine Black Lincoln Clássica, de três eixos, estacionara em frente ao majestoso THE BEVERLY HILLS HOTEL. Na fachada do imponente, elegante e suntuoso edifício, um enorme tapete vermelho Baldassare Peruzzi, era desenrolado para receber e ser pisado por sandálias Christian Louboutin e sapatos mocassim italiano de couro legítimo, calçados por pés privilegiados. Alguns turistas que ali se encontravam, impressionados com a pompa dispensada, olhavam curiosos imaginado estarem chegando Sheiks Árabes com seus petrodólares. Neste mesmo instante, o pobre Ceará se arde numa seca devastadora e sem procedentes. Raquíticos e depauperados pés se equilibram nas rachaduras da terra árida, idênticos aos calcanhares dos sertanejos. Na solidão do terreiro que circunda a casa simples, perdida no másculo e carrasco sertão cearense, miúdas e brancas pedrinhas brilham refletindo o sol impiedoso e quente, tais brasas brancas petrificadas, como larvas de um vulcão que as tivessem expelidas e lapidadas ao mesmo tempo, só não brilham mais que as pérolas naturais do colar de brilhantes da primeira dama do Estado. Na fachada simples e deselegante da humilde casa, onde o sol inclemente é o seu tapete eternamente desenrolado, ouvem-se os gritos que ecoam de suas ameaçadoras rachaduras que a prometem colocá-la ao chão. __ “Avia amarelo, te alevanta! Vai buscar tronco de jatobá prá escorar a parede da frente da casa, mode num cair. Prefeito fio de uma égua este Sávio Pontes! Prometeu ajudar nós, se nós votasse nele e nunca ajudou. Ô bicho mentiroso de uma figa! Arre Égua! “E um bando de crianças magras e grávidas de vermes adentram na caatinga cinzenta e retorcida em busca da escora. Enquanto isto o mensageiro do THE BEVELY HILLS HOTEL faz as etiquetas na recepção solene. __ “Good morning mister Cid e Ciro Gomes. Welcome to America”. Depois do happy hour, um relaxante banho na banheira de hidromassagem da suíte máster de torneiras folheadas a ouro e prata, aromatizada com sândalo da Grécia, os esperava com transbordantes e refrescantes espumas flutuantes. Afinal ninguém é de ferro! Na varanda da suíte que teve como seu ultimo hospede Bill Gates, o homem mais rico do mundo, e Sávio Pontes o maior gatuno da historia política do Ipu, os Gomes falam de futilidades, conchavos, esquemas políticos, discutem se mostram, ou não, a fotografia do Raimundo Morais Filho aos “rapazes” do Fabuloso, etc. etc.etc. e brindam LA DOLCE VITA com uma legitima shampagne VEUVE CLICQUOT, safra especial da famosíssima vinícola francesa LAURENT PERRIER, tendo como acompanhamento bacalhau norueguês, servidos pelas mãos sofisticadas de um maitre especialmente contratado prá aquela ocasião. Enquanto isso no pobre e seco Ceará, onde o chão parece esconder um imenso FORNO SUBTERRÂNEO: __“Te apresa fio de uma égua! Vai procurar Xique-xique ou palma Santa prá mode nós cozinhar prá comer, bando de infiliz.” No outro dia no camarote do majestoso CANIG HOLL depois de assistir uma peça de WILLIAN SHAKESPEARE com a mãe, a SOGRA TURISTA do Cid Gomes, toda enfeitada com jóias da TIFFANY americana, localizada na FIFTH AVENUE (quinta avenida) DO CENTRAL PARK, a primeira dama faz planos de cursar artes cênicas na BRODEY, morar em Hollywood, e quem sabe Steven Spielberg lhe convide prá ser atriz principal em um filme financiado com os recursos do Estado do Ceará, em uma espécie de versão americana de LAMPIÃO E MARIA BONITA, desde de que o marido NÃO seja o interprete do cangaceiro, embora POLITICAMENTE JÁ SEJA, pois lhes faltam traços de um macho com a postura de um hétero, de um homem viril, e exigirá que os atores estejam a sua altura, pois fora “ATRIZ” famosa em QUIXADÁ.

E bote fama nisso! O diretor terá que contratar atores com a envergadura de um Antonio Bandeiras, Tom Cruise, Laurence Olivier ou Victor Valentino. E no pobre e sem FANTASIAS Ceará a vida imita a arte. “__Ô bicho lerdo! Deixa de fazer “triatro” fio do cão, se fazendo de môcu. Pega o jumento, bota os casuá e vai caçar casca de marmeleiro mode fazer chá pró inocente do teu irmão entrevado na cama de vara, pois nos P.S.F. num tem médico, nem na secretaria de saúde tem remédio". Enquanto nos Estados Unidos deslizando sobre o Mississipi, navegam em um cruzeiro, felizes cearenses. Indiferentes a seca e a pobreza do sertão, que parece deixar os ventres desnutridos mais férteis. A brisa brinda-os ao tocar nos copos de cristais turcos erguidos pelos irmãos Gomes que se confessam fãs e discípulos de AL CAPONE, o maior contrabandista da história americana, e fazem um brinde a sua memória, sob os acordes da orquestra no salão de dança do iate, que neste instante executa New York , New York do TAMBÉM mafioso, e TAMBÉM grande interprete Frank Sinatra. Mais tarde, felizes com suas vida, pedem que a Big Band execute My Way, que fala mais particularmente com seus modos de vida atuais, depois de terem conquistado o poder no Estado. Enquanto isto, Deus manda a sinfônica dos anjos despejar seus acordes pelo sertão sem fim, a melodia de Luiz Gonzaga, a imortal canção ASA BRANCA, que desce da serra em busca de água tentando enxergar o Ipuçaba, porém, o fogo e a cortina de fumaça turva sua vista lhe impedindo de pousar, tal a visão política dos recentes corrompidos. O vermelho rubro das chamas lembram o inferno de Dante Alighieri na sua Divina Comédia Humana, com as caldeiras incandescentes abanadas por Lúcifer, que ver seu currículo de maldade ser superado pelo Sávio Pontes, que infla seu abdômen inchado de cirrose, e sopra os ventos do novo tempo, queimando o VERDE das matas, deixando o VERMELHO das contas públicas para o penitente povo ipuense pagar. No requintado restaurante TAVERN ON THE GREEN, depois de troca de presentes, os Gomes jantam a luz de velas, tendo como pano de fundo a voz e a presença no palco de Tom Bennett cantando my love for you. Depois de tanta badalação, decidem visitar o local onde se localizavam as TORRES GÊMEAS, e perceberam a dimensão do terrorismo muçulmano, só não percebem o atentado as finanças públicas do Estado e a ação dos terroristas políticos que destroem paulatinamente o nosso indefeso Ipu. E no estéril sertão, a voz altiva e aguda de uma mãe, embaixo da copa de um juazeiro no terreiro da casa simples, espera pelos filhos que foram buscar água na cacimba prá fazer o angu de farinha que será sofregamente degustado com PREÁ.

São vidas que se contrapõem, são situações distintas e abismais. Viagens glamorosas de cruzeiros pelos mares do mundo, suítes confortáveis de exagerado e supérfluo luxo, hotéis com diárias de Sheiks, tudo isto é um direito de qualquer um que possa pagar! Porém, jamais a custas dos recursos que deveriam proporcionar uma vida digna a milhares de famílias cearenses, como destes personagens pobres, frutos da imaginação, mas que são extremamente reais, extremamente sofridos. YES!