sábado, 22 de setembro de 2012
* O SENDEIRO – RESPOSTA A UM LEITOR DO BLOG.
Caríssimo Professor Bruno, antes de responder-lhe, agradeço ao confrades e amigos do blog pelo espaço caso venham a publicá-lo. Ilustre professor fico feliz pelos adjetivos proferidos a mim, mesmo que a consciência diga-me que não os possuo. Porém, é um prazer em conhecê-lo virtual e escritural através dos blogues de minha terra. - Já que aquela fotografia dos arquivos da U.N.E. Não fala, e não lhe cumprimenta. Mas... Se falasse... falaria do sonho de liberdade dos jovens daquela época. Foram dias difíceis. Era a época onde tudo que fosse contrário ao golpe militar, era resolvido pela tortura ou pela sentença dos fuzis. Éramos espionados o tempo todo por olhos de águias com seus olhares de “abutres humanos” vestidos em fardas, cheias de distintivos e brasões. Vi amigos tombados nas ruas pela estupidez das baionetas. Outros trucidados no quartel general do regime, o famigerado DOI COD. Fora um momento difícil de nossa história. A arte e a literatura foram as mais ceifadas.
Por fim, foi-se a ditadura NEGRA. Veio a ditadura BRANCA do poder econômico dos dias atuais, nevando os grandes cabelos esvoaçantes daquele jovem da fotografia em preto e branco cheio de ideologias... Por genética ainda os tenho! O tempo não os levou, embora o tenha deixados grisalhos, nem levou os sonhos utópicos de um verdadeiro estado Democrático e de um Socialismo igualitário amplo e irrestrito. Se a realidade de hoje nem de longe reflete o que sonhamos, trago as quimeras de uma época que ainda se rebela nos graves e agudos dissonantes de minha "guitarra". Rejuvenescendo as marcas de expressão de meu rosto. Cegando os olhos para não ver meu sonho se pondo como sol em dia de chuva. Imorredoura utopia que as mentiras da vida as mantêm vivas. Que não envelhece. Como algo eterno, imutável, delicado, rebelde e renitente de vida, que obstinadamente me persegue como minha sombra.
Meu caro professor nasci no ipu por uma daquelas misteriosas fatalidades do universo. Meu pai fora funcionário do Banco do Brasil e moramos em várias cidades. Em nossas reuniões, costumamos brincar dizendo que somos uma família “cosmopolita”. Se não vejamos:- Meu pai era Gaucho de Porto Alegre, minha mãe Pernambucana. Tenho um irmão Mineiro, e uma irmã Fortalezense... E eu tive a imensa dádiva divina de nascer no Ipu. Terra que vivi até os dezoitos anos, quando partira em busca dos vestibulares em Recife e Fortaleza. Porém, nos anos que vivi lá no Ipu, arranquei daquela terra toda a felicidade que ela podia dar-me. Intensa e verdadeira como a natureza. Em suas matas que dantes havia, espalhei a liberdade de um menino passarinho. Livre como a águia chinela que plainava sobre cidade, e voltava a pousar no alto dos pés de Ipê, sob a mira dos meus olhos... Sentindo-me infantilmente vingado vendo-a altaneira e soberba voando por sobre uma cidade que vivia a ditadura do Clã dos Rocha Aguiar.
Mas que tal falarmos “pessoalmente” de coisas amenas? Se amigo quiser conhecer-me, der-me o prazer de sua visita na mesa sete do Bar Academia do Bié na Rua do Veiga no Recife. Terei prazer em recebê-lo com um solo de guitarra do Hino do Ipu, ou o nostálgico Yesterday, Let it be, Satisfaction. E no violão, os clássicos, Prá não dizer que não falei das flores, Apesar de Você, Disparada, Construção e tantas outras da M.P.B. Sem falar da companhia dos olhares femininos, que nos queima de doce luz de ofuscante chama, que se não cuidarmos nos ateiam em insidiosas paixões, nos conduzindo a pecadores céus e santificados infernos.
Um forte abraço do amigo SENDEIRO.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Sendeiro, obrigado por responder-me, e agradeço também os proprietários do blog. Fiquei orgulhoso em ser ouvido por sua pessoa. Admirei a forma textual como respondeu-me. Em meados de outubro estarei viajando prá Recife, e sem dúvida entrarei em contato com este grande articulista pessoalmente. Abraço.
Prof. BRUNO
Postar um comentário