Pages

sábado, 2 de julho de 2011

* O SENDEIRO – ALÉM DA POLÍTICA, ALÉM DA VIDA

Tento situar-me em meio a gritos lastimosos, choros e rangidos lancinantes. Rios de lágrimas brotam de todas as fendas do chão. Seres fantasmagóricos flutuam em minha direção clamando por médicos e remédios. Sempre fui um homem de temperamento explosivo e tento afastá-los violentamente. Porém, não consigo tocá-los por terem os corpos fluídicos. Um canto triste e fúnebre parecendo um lamento ecoa de uma GRUTA sombria. Na fachada superior de sua entrada, letras pintadas por um lodo VERDE úmido e fétido formam as palavras: “ESCOLA DE ENSINO FUNDAMENTAL”. Em seu interior milhares de crianças raquíticas, esqueléticas e grávidas de vermes berram lamuriosamente: __Meu rendimento escolar foi comprometido pela fome! __Cadê minha merenda DIÁRIA? __O que vamos comer hoje? Bois, vacas ou messalinas? Corro sem rumo sob um pântano frio infestado de jacarés e cururus que digladiam praticando o canibalismo político na luta pelo poder. Já vira esta cena em algum lugar do passado! Apresso o passo sem direção definida envolto em uma atmosfera densa de gases mal cheirosa pelos pecados dos roubos e desvios em DECOMPOSIÇÃO. Desesperado, procuro nos bolsos as chaves da picape Mitsubishi, de meu Corola, do meu Golf. Mas que bolso? Aqui nada é compacto, tudo é fluídico! Uma BICA gigantesca próximo a um balneário vilipendiado jorra sangue através de uma PIA DE INOX molhando uma espécie de BALCÃO DE GRANITO desaguando a seguir no LAVATÓRIO dos pecados das almas também de INOX, fincado em PEDRAS DE MÁRMORE com os dizeres em alto relevo: “PEÇAS ROUBADAS”. Seria o mármore do inferno dos Muçulmanos? Apavorado, reconheço um jovem de Crateús que fora trucidado alguns anos atrás e, revoltado, levita fazendo encenações violentas com uma espécie de TESOURA DE MADEIRA apontando-a para mim. Clamei por misericórdia! Inesperadamente dois pares de anjos querubins estendem uma faixa esvoaçante com letras confeccionadas em ouro com os dizeres: “Se quiseres, aqui verdadeiramente começa para te um novo tempo”. Grito! Esperneio! Exijo arrogantemente minha autoridade e o STATUS TERRENO. Diabos! Bastaria 1/4 dos proventos de uma DIÁRIA para comprar uma passagem aérea e fugir dali! Vencido pelo cansaço e por uma dor fulminante no peito, humildemente entrego-me ao chão e observo em letras pequenas sobre uma câmara ardente a frase: “Tu eis pó e ao pó voltaras”. De repente uma luz branca confortadora e amena envolve-me, e a voz do espírito CONSOLADOR acalma-me: __Meu irmão, aqui as DIÁRIAS são pagas com atitudes de humildade, fé honesta e caridade desinteressada! Nesta Assembléia se LEGISLA através das preces intercessoras e verdadeiras de amor aos que ficaram naquele planeta de provas e expiações. São DECOROS essenciais neste Parlamento! E quanto mais atuares maior será teu LÍCITO ENRIQUECIMENTO ESPIRITUAL! Se quiseres, segue-me! Acompanha-me!

12 comentários:

Anônimo disse...

Que grande criatividade amigo SENDEIRO! E GRATIFICABTE LER SEUS TEXTOS. PARABÉNS!!

Anônimo disse...

Eimprecionante a maneira como vc.cria um enrredo.sOU SEU FÃ. Parabéns.HAMILTON GOMES

Anônimo disse...

Como sempre polemico grande sendeiro.Adoro seus textos!

Anônimo disse...

Acho o sendeiro o máximo,adoro a forma como ele se expressa....

Anônimo disse...

Agora entendí estas pias de inox, balcão de mármore, tesoura de madeira, lavatórios de inox foram os que roubaram do balneário da bica !!! Puxa qye criatividade.

Anônimo disse...

sendeiro este texto é também PARNASIANO ?

Anônimo disse...

Um pouco de Augusto dos Anjos,um pouco de Castro Alves e um pouco de si...!É sendeiro, vc é um expert em aproximar duas colunas da mais alta casta de escritores parnasos.Gostei!

Anônimo disse...

Só irei votar nas próximas eleições se vc,. for o candidato SENDEIRO!!!

Anônimo disse...

Sendieiro vc. é sensacional. adorei o texto. Parabéns !!!

Anônimo disse...

Olá caros amigos, amigas e confrades do blog! Obrigado a todos que queimaram umas pestanazinha lendo meus textos. Mais grato fico aqueles que deixaram seus comentarias. Certa feita, um estudante do colégio Ipuense escreveu que adora literatura e, que gostaria de saber qual era a corrente literárias dos meus textos. Impressionantemente um amigo anônimo explicou-lhes incisivo e didaticamente! Com um domínio do que estava escrevendo que não me resta dúvida tratar-se da competência de um professor que ama o que faz. “ORA DIREIS OUVIR ESTRELAS! CERTO PERDESTE O CENS0” (Olavo Bilac) “NOLE ME TANGERE (Augusto dos Anjos). São realmente os textos e poemas parnasos minha fonte. Em um país onde a cultura é renegada, vocês não imaginam meu caro(a) professor(a) e você jovem estudante a vontades de lhes dar os parabéns, pois somos filhos de um pais onde segundo as pesquisas o ler-se um livro e meio por ano! Imaginem! Se não lhes canso estendendo-me neste comentário gostaria de narrar-lhes um fato real ocorrido comigo. Permitam-me pois! Minha primeira experiência com a literatura fora dramática. Tinha eu a inocência de meus verdes dez anos, estudava no antigo Ginásio Ipuense, hoje colégio. Vivíamos as proximidades do dia do município, nossa professora de literatura mandou-nos que fizéssemos uma redação sobre os índios Tabajaras. Era comum no dia posterior a mesma escolher a melhor e a pior redação. Mãos frias, olhar inquieto, e de repente a sala veio abaixo sobre mim! Despedaçando sobre minha inocência um turbilhão de risos inconvenientes: A PIOR redação escolhida fora a minha. A professora não entendera nada de minhas viagens parnasianas, e ainda achou-me imoral e DOIDIVANAS. Desço do Ginásio na companhia das gozações dos colegas, algumas lágrimas regaram a praça de Iracema. Porém, a vida sempre dera-me MAIS do que mereço! Tinha um pai e uma mãe extremamente cultos, perdoem-me a falta de modesta. Meu pai freqüentava a CASA DE JUVENAL GALENO em Fortaleza as quintas feiras para os saraus literários que haviam na época e levou a fatídica redação. Mostrou-a para os acadêmicos. Voltou radiante com a cara e minha redação para fora acenando da janela do trem quando avistara-me a esperá-lo na ESTAÇÃO. pois não é que recebi um convite para uma recitaria, uma moeda de incentivo literário e todas as obras de Olavo e Augusto dos Anjos, Clarice Lispector, José Lins do Rego, Cervantes e Pedro Américo . Até hoje tenho esta redação que o pobre orgulho de um pai mandou moldurá-la e afixá-la em meu quarto. Quarto que me permitia ouvir os sussurros das águas da bica no inverno. Obrigado a todos pela paciência e um forte abraço do amigo e conterrâneo SENDEIRO.

Anônimo disse...

Meu caro sendeiro, é com um imenso orgulho que li e reli o seu comentário acima.Ao ver o questionamento do aluno do Colégio Ipuense,procurei responder com o intuito também de incentivá-lo a conhecer nossa maior riqueza -A Literatura Brasileira- pois cabe a nós,mestres literários,a nossa ação de tornar viável não somente o conhecimento como também a arte de saborear com os olhos a obra literária.

Anônimo disse...

Olá caro amigo,que belas metáforas dedicadas a literatura brasileira! Gostaria de conhece-lo...! Imagino quão deva ser interessante um DEBATE LITERÁRIO com você! Porém ... Um forte abraço do amigo e conterrâneo SENDEIRO.

 

A transparência

"O dinheiro dos impostos, está indo literalmente pelo ralo, em nossa cidade, o laudo do TCM de engenharia, está pronto e acessivel á todos, é uma "pouca vergonha", as vistorias constataram inúmeras irregularidades, de todos os graus, um verdadeiro desrespeito com os cidadãos. Quem verificar o laudo perseberá claramente os ralos por onde escorrem vultosas quantias, que certamente fazem muita falta as pessoas que necessitam dos serviços públicos. Que mais e mais ipuenses tomem conhecimento, é só acessar o site do TCM e verificar em desmonte- relatório e laudo de engenharia. Boa leitura, e tirem suas próprias conclusões!"
(Samuel baker mororo Aragão - AFAI)



RECORDAÇÕES

A CULTURA POLÍTICA - O BODE