* O SENDEIRO – MANIFESTO DA ÍNDIA IRACEMA CONTRA O PARQUE DA BICA.

Eis que retorno a estas terras e matas em espírito, para lamentar junto com meu povo a devassidão deste projeto que comprometerá a beleza e a harmonia arquitetônica da Bica. Os milenares mistérios que emanam do ventre e das entranhas da terra não podem desnudar-se pela ação criminosa de um ZUMBÍ aventureiro, filho das profundezas do vale da corrupção, mensageiro de ANDIRA senhor dos agouros tristes. Já nasceram muitas LUAS em que o povo descendente dos TABAJARAS sangram de desgosto pela lança envenenada de Sávio Pontes, que faz verter as veias das finanças públicas em inestancável hemorragia do sangue impuro da malversação. O doce favo de mel da JANDAIRA E DA JATI não adoça o coração amargo pela desesperança e a revolta política contida no peito do povo do Ipu. Os olhos de IRACEMA já jorraram mais lágrimas que as águas que se precipitam da Bica, porém nossa fé em TUPÃ é mais sólida e inquebrantável que esta montanha que enfeita e ladeia a cidade dos progenitores da grande nação Tabajara. O canto do UIRAPURU não aplaca o lamento de nossa gente. O cantar da ARAPONGA não é mais cortante que as contrações da fome no estômago das crianças das escolas públicas, e os recursos que serão desviados deste parque é uma afronta a milhares de CURUMINS. ACARA a garça branca morrerá vítima da poluição das águas do Ipuçaba, fora vitimada pelo alto teor alcoólico nas urinas que vem do esgoto da casa do prefeito e deságuam no nosso riacho usando-o como fossas corredias. O pássaro preto CÚPIDO, menestrel dos amanheceres e entardeceres desta terra sofrida, porém, contudo bela boa e MÃE, revestiu-se mais ainda de ENLUTADA penugem escura em solidariedade ao nosso povo que não amadureceu politicamente e elegeu irresponsávio PAJÉ, reencarnação do espírito do mal que nos oprime a voz, e nos escraviza no jugo das altas taxas de iluminação pública e da roubalheira de toda sorte que campeia o Ipu. Tal pássaro CARRÃO que espreita a chuva, meus ouvidos esperam ouvir o retumbar por toda extensão desta serra o ribombar do TROVÃO da decência sobrepujando a imoralidade da corrupção daqueles que hoje manipulam o CETRO do poder, mas a IRA da flecha de TUPÃ os lançarão ao boqueirão do vale sombrio para a inquisição dos feiticeiros, bem além da linha do horizonte, e findarão os TEMPOS de luxúria, das orgias e das farras oficiais. AMANACI a mãe da chuva lavará toda sujeira. URUTAU ave fantasma e guardiã das matas e rios cantará prá acordar o povo e a JUSTIÇA, e pintaremos nosso rosto não para a guerra, mas para a celebração da DANÇA DA PAZ E DA ORDEM no ritmo da melodia sonora da voz de IARA rainha das águas, que voltará a cantar feliz no Ipuçaba, e seu canto acalentará nossos sonhos de prosperidade e decência na política. A lenda impôs que meu corpo fosse sepultado as margens da lagoa da Parangaba onde nascera majestosa palmeira onde canta a JANDAIA, porém meu espírito em definitivo aqui ficará pela vontade de TUPÃ para fluidificar as águas da BICA e como OFERENDA para que os Deuses lancem nos abismos infinitos Sávio Pontes e sua TRIBO MALDITA.