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domingo, 27 de junho de 2010

* O SENDEIRO – O CHORO DO IPUÇABA.

Dizem que quem nasce próximo a montanhas é um místico. Vejo-me assim! Trago comigo a necessidade desta energia que tive a primazia dela ser receptivo desde quando meus olhos ainda infantes, contemplaram pela primeira vez a majestosa muralha de pedra da Ibiapaba. Criei com minha terra uma simbiose de energias, explorei teus talhados e boqueirões, penetrei em tuas matas qual pássaro livre e com isto fortalecia minha áurea renovava meu espírito. Em troca desejava e fazia votos que tua natureza fosse preservada, tocada apenas pelas mãos que sabem tocar e vista pelos olhos de quem sabe ver. E hoje, homem feito e adulto mergulhei no âmago de minhas origens, procurei os personagens e o PALCO que serviu para tantas cenas de minha vida e de outras muitas. Senti a necessidade do elementos ÁGUA e procurei o Ibiapaba. Mas que catástrofe! Meu riacho transformara-se num ESGOTO! Fiquei inerte sobre uma das pontes que permite ou PERMITIA o seu encontro com o rio Jatobá. Não fora um reencontro como se espera que seja de dois velhos amigos. Olhei-te com os olhos e o ouvido da alma, e sensível e solidário, senti que desabafavas num murmúrio triste, num soluço de dor sobre esta terra que nos sérvio de berço. Terra bendita pela natureza e desdita de políticos sérios e comprometido com nossa gente e com o que Deus gentilmente nos concedeu. Percebi que procuravas forças para seguir teu curso dificultado pela agressão de teu leito pelos esgotos, agrotóxicos e lixos. Tamanho era teu esforço que fazia ecoar um lamento sentido e melancólico, talvez um resto de sobrevida, quem sabe morrendo, despedindo-se deste chão que a muito deslizas serpenteando e acariciando com teu corpo líquido dos beijos molhados de tua boca de águas fugidias, que levaram prá longe muitas infâncias vadias vividas por entre bananeiras e mangueiras que adornavam tuas margens. Secaram tuas cacimbas como estéril é a sensibilidade de quem DEVERIA TE PRESERVAR. O tempo passa e corre como as águas dos rios, e hoje na maturidade é chocante ver a devassidão e a extensão do crime que em te praticaram. Não há como dissipar a angústia e a tristeza que corta a alma da gente! Onde dantes havia abundante verde hoje povoa pungente saudade de um tempo não muito distante da infância que nos levava ao balanço dos galhos que pendiam sobre tuas águas, dos canapés e as “bundacanastras” dos pulos mortais do alto das arvores tal liberdade inexorável dos rios. Não há mais como celebrar a liturgia do BATISMO pela mãe natureza que se renovava a cada mergulho em tuas águas sob as bênçãos em forma de canto do coral dos galos na alegria dos quintais. Que fim tiveram a folhagem que escondia as iniciais do nome da namoradinha de infância, dos dois corações caprichosamente desenhado no mais alto dos galhos? Ilusão do rio da vida levedas pelas águas do tempo que partem prá navegarem em outros mares nos imensos oceanos do destino. Assim como tu Ipuçaba, eu era para ELA apenas um pequeno riacho impossível de navegarem seus sonhos inatingíveis e caprichosos de mulher. Talvez nunca mais a veja, porém hei de VER meu pequeno riacho tuas águas refletirem o sol da mais brilhante manhã que esta terra verá nascer, valerá a pena esperar pela tão sonhada liberdade que virá incontinente e irredutível pela sapiência do TEMPO REI através das urnas que desfraldará o manto da decência! E quem sabe alguém de ti se apiede.

Um comentário:

Anônimo disse...

Amigo SENDEIRO, na minha infância tomei muitos banhos no Ipuçaba.Morávamos na rua da municipalidade e íamos todas as tardes tomar banho no nosso riacho. Quando lí seu texto sinceramente cheguei as lágrimas. Quem sabe até já brincamos juntos nos pulos mortais das pedras que ficavam nas margens lá no gangão.Obriado amigo por me trazer com seu texto estas boas lembranças.Parabéns!

 

A transparência

"O dinheiro dos impostos, está indo literalmente pelo ralo, em nossa cidade, o laudo do TCM de engenharia, está pronto e acessivel á todos, é uma "pouca vergonha", as vistorias constataram inúmeras irregularidades, de todos os graus, um verdadeiro desrespeito com os cidadãos. Quem verificar o laudo perseberá claramente os ralos por onde escorrem vultosas quantias, que certamente fazem muita falta as pessoas que necessitam dos serviços públicos. Que mais e mais ipuenses tomem conhecimento, é só acessar o site do TCM e verificar em desmonte- relatório e laudo de engenharia. Boa leitura, e tirem suas próprias conclusões!"
(Samuel baker mororo Aragão - AFAI)



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A CULTURA POLÍTICA - O BODE