* O SENDEIRO – A MORTE IMINENTE DE UM VELHO AMIGO.

...De repente vapores de agrotóxicos emudeceram meu rosto. Lanço um olhar envenenado sobre teu paredão impassível. Respinga em meu peito além do odor fétido das fezes e urinas, o escárnio cínico dos corruptos. Meu intimo preconiza a funesta sensação de uma inexorável HECATOMBE que virá sem avisos, sem mensagens e nem sinais. Um cataclismo de águas irredutíveis e indômitas de incomensurável poder sob a tutela do destino. Será a vingança da soberana e divina natureza. As águas do tal Parque da Bica e da VIDA têm seu curso, e elas afogarão a alma desonesta do mais solerte dos corruptos do novo tempo, procedendo o desassoreamento de suas Auras obstruídas pelos roubos e mais poluídas que o Ipuçaba. Farão inertes as mãos gananciosas dos que assassinam a terra esterilizando-a com adubos químicos criminosos que abortam brotos imberbes e tóxicos de tomates e maracujás. Será o transbordamento final da justiça sobre a iniqüidade dos que desrespeitam as leis da natureza e da ética política. Até as pedras chorarão!

Revolvi tuas margens, quando aí estive observando e... LÓGICO, “pisando no chão do Ipu” da FESTEIRA, conivente e partidária A.F.A.I. E incontinente afluiu de minha cidadania a ânsia de pisar na cabeça da serpente da corrupção. Pisotear seu ventre protuberante pela aglutinação das verbas públicas, que depois de digeridas regurgitam expelindo de seu bojo a gosma dos enriquecimentos ilícitos dos delatores de nosso município.

E ali, ao teu lado, prescrevi teu óbito; O Ipuçaba estar morto!...Morrera de insuficiência respiratória. Sem oxigênio, sem ativistas ecológicos e com agrotóxico. Pareces que estais a dormir teu último sono sob uma camada escura de esgoto repugnante e lento, imobilizado pela rigidez cadavérica da morte. Morrera sem o murmurejar alegre dos riachos, sem o verde vivo que lhes ladeava. No silêncio de teu velório, o teu silêncio parece ser ensurdecedor! Como lutar contra as forças hostis desta terra?... Mãe gentil com a impunidade! Naquela manhã de janeiro o único afluente que em te deságuo, foi o olhar lacrimoso da nascente dos meus olhos, quando penetrei nos teus “sendeiros” de águas “dantes” corrediças e apresadas. Prá nós ficou a lembrança em estáticas fotografias das tuas águas claras que serpenteavam por entre as matas e o verde dos quintais... Quando quintais havia! Irmanando a infância singela de muitos. Em qual verdejante mata se esconde “aquela” morena de olhar de águas cristalinas, que hoje me irriga a memória neste recordar simples e ingênuo de nossas façanhas por entre os mangueirais?